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TEIXEIRA DEIXA O COMANDO DO FUTEBOL BRASILEIRO, GRAÇAS A DEUS1 |
Ser presidente da CBF durante todos esses anos representou na minha vida uma experiência mágica. O futebol no Brasil é mais que um esporte, mais que uma competição. Por essas razões pensei muito na decisão que agora comunico.
Presidir paixões não é uma tarefa fácil. Futebol em nosso País é sempre associado a duas imagens: talento e desorganização. Quando ganhamos, exalta o talento, Quando perdemos, a desorganização. Fiz o que estava ao meu alcance. Sacrificando a saúde e o convívio familiar. Fui criticado nas derrotas e subvalorizado nas vitórias.
Administrei a confederação de futebol mais vitoriosa do mundo, mais seus sonhos, seu orgulho, e seu sentimento de pertencer a uma grande torcida.
Ao trazer a Copa de 2014, o Brasil teve o privilegio de se inserir na pauta mundial. Alavancou economia e alavancou orgulho.
Tentei no limite das minhas forças organizar os talentos. Criei campeonatos de pontos corridos, aumentando as rendas.
Hoje deixo definitivamente a presidência da CBF com a sensação do dever cumprido. A felicidade de ver nos rostos do brasileiros a alegria.
Deixo a CBF, mas não deixo a paixão pelo futebol. A partir de hoje coloco-me à disposição da entidade. Reúno-me com mais força à minha família, que entende minha missão e me faz ainda mais feliz.
Agradeço aos presidentes de clubes e federações estaduais. Amigos leais em quem sempre encontrei apoio.
À torcida brasileira, meu muito obrigado. Nunca me esquecerei das taças sendo erguidas. Elas estão no coração de cada um de nós.
Ricardo Terra Teixeira
FIM DE UMA ERA
Ex-genro de João Havelange, Ricardo Teixeira assumiu a presidência da CBF em 1989. Em sua gestão, o Brasil conquistou duas Copas do Mundo (1994 e 2002), três Copas das Confederações (1997, 2005 e 2009) e cinco Copas Américas (1989, 1997, 1999, 2004 e 2007). Mas os resultados dentro de campo não foram suficientes para apagar as diversas denúncias de corrupção em que o dirigente esteve envolvido.
Em 1991, antecipou as eleições previstas para o ano seguinte, impedindo a participação dos clubes na votação. Dois anos depois, Pelé o acusou de favorecer a empresa de marketing Traffic na concorrência pelos direitos de transmissão do Campeonato em troca de propina. Em 1994, é denunciado após ter supostamente ordenado a liberação, sem pagamento de impostos, de aparelhos eletrônicos comprados pelos atletas campeões da Copa do Mundo. Na viagem teria trazido três chopeiras para um restaurante que possui no Rio.
Em 2000, é um dos um dos alvos da CPI do Futebol, no Senado, e da CPI da Nike, Câmara, que investigou os contratos firmados entre a CBF e a fabricante de material esportivo. É acusado de evasão de divisas, sonegação de impostos, apropriação indébita e lavagem de dinheiro. Não foi condenado. Um livro sobre o caso teve a publicação proibida pela Justiça.
Voltou a ter seu nome ligado a irregularidades em 2009, quando a Ailant, uma das empresas envolvidas na organização de um amistoso entre Brasil e Portugal, no Distrito Federal, teria superfaturado os gastos do evento. Ela pertence a Sandro Rosell, seu amigo. Em 2011, foi acusado pela rede britânico BBC de receber propina da ISL, empresa de marketing já falida. No mesmo ano, Teixeira foi acusado de pedir dinheiro em troca de votos para a candidatura inglesa à sede da Copa de 2018, mas foi considerado inocente.