Por Alex Viana ,
A posição da governadora Rosalba Ciarlini (DEM) em O Jornal de Hoje desta sexta-feira, de não confirmar a definição pela candidatura do deputado federal Rogério Marinho (PSDB) a prefeito de Natal, está sendo vista como um ato de prudência da liderança política, já que a aliança DEM-PSDB, anunciada ontem, estratégica para o DEM nacional, pode ser muito ruim para o governo do Rio Grande do Norte, uma vez que não é do agrado dos peemedebistas locais o escanteio gratuito da candidatura do deputado estadual Hermano Morais (PMDB), defendida pelos aliados da presidente Dilma Rousseff (PT), o ministro da Previdência, Garibaldi Filho (PMDB), e o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves.
A confirmação da aliança e da candidatura de Rogério Marinho de forma taxativa por parte da governadora atrairia reações inflamadas desses dois líderes, que são considerados, por sua vez, essenciais para o bom trânsito do governo estadual junto ao governo federal. Tanto Henrique como Garibaldi têm feito um trabalho muito importante junto ao governo federal em favor do RN. Tudo que Rosalba não quer é perder este apoio. Afinal, o governo enfrenta dificuldades agudas, e em todos os setores há carência de recursos. Para “escapar”, Rosalba depende do governo Dilma Rousseff. E só há uma porta estreita: Garibaldi e Henrique.
Por isso, mais uma vez, o senador José Agripino Maia consegue impor a sua vontade junto ao governo do DEM. Isso porque a aliança DEM-PSDB é altamente favorável ao DEM em nível nacional. Das quatro capitais em que os partidos – DEM e PSDB – decidiram marchar unidos (Fortaleza, Natal, Salvador e Aracaju), em três o DEM terá candidatos apoiados pelo PSDB. Apenas em Natal o PSDB terá candidato, o deputado federal Rogério Marinho. No somatório, é melhor para José Agripino, presidente nacional do DEM, fazer mais prefeitos e lutar pela sobrevivência do partido em nível nacional, do que pensar no governo do RN e na manutenção dos seus aliados do PMDB, que são aliados do PT em nível nacional, opositores do DEM/PSDB.
Para Rosalba, porém, é diferente: ela preza, com razão, aliança com os peemedebistas. Afinal, ela tem que pensar no seu governo. Por isso, a declaração dela de que desconhecia a nota. Para a governadora, é melhor deixar a aliança em suspenso, isto é, na possibilidade de não existir, do que confirmá-la e chamar para si a antipatia dos peemedebistas, partido que no RN é forte por ter em seus quadros o ministro da Previdência e o provável presidente da Câmara dos Deputados o ano que vem. Neste sentido, havendo clima, não estaria descartado ainda o apoio do DEM à candidatura do deputado estadual Hermano Morais (PMDB). Irá depender da corrente das forças.
E quando se diz que Agripino mais uma vez conseguiu impor sua vontade junto ao governo do RN, basta lembrar o recente episódio envolvendo o rompimento de Rosalba com o vice-governador Robinson Faria. Por desafiar José Agripino e o DEM, ao assumir a criação do PSD no estado, Robinson Faria atraiu para si a ira do dirigente nacional democrata, o que resultou no rompimento de Rosalba com o vice. Neste caso, Rosalba também ficou com Agripino, de quem parece não querer sair da sombra política.
